O Bichos e a Fonte
Adaptação: Servacio de Brito
Origem: Popular

Era uma vez, no tempo em que os bichos falavam...

No meio da floresta havia uma fonte de água muito limpa, onde os bichos iam beber quando estavam com sêde e se refrescar nos dias de calor. Todos eram muito felizes.

Um certo dia tudo mudou. Quando alguns bichos chegaram na fonte, encontraram uma onça bem grande que foi logo dizendo: - A fonte agora é só minha. Só eu posso tomar banho e beber nesta fonte. Se algum bicho me desobedecer eu o comerei! E soltou um urro tão grande que todos fugiram depressa.

Passaram dois dias. Estavam todos tão tristes... e muito sujos... e com sêde, quando apareceu o coelho e disse: -Vou lá enganar a onça! O coelho encheu um saquinho com areia fina e foi para a fonte. Quando chegou fingiu que estava mastigando alguma coisa muito gostosa. A onça, que era muito gulosa, foi logo perguntando: -Que é isso compadre coelho, que você está comendo? Respondeu o coelho: -É paçoca de amendoim sinhá onça. Então a onça com água na boca foi logo dizendo: -Paçoca de amendoim? É muito gostoso; se me der um pouquinho deixo você beber água da fonte. -Dou sim, disse o coelho; chegue aqui pertinho que eu ponho na sua boca. Quando a onça chegou perto, o coelho tirou um punhado de areia do saquinho e jogou com força nos olhos da onça. Enquanto a onça urrava de dor, sem poder enxergar, a bicharada aproveitou e tomou banho a vontade e bebeu muita água. Depois de aproveitarem bastante, os bichos foram embora para suas casas.

Passaram dois dias. Estavam todos tão tristes... e muito sujos... e com sêde, quando apareceu o macaco e disse: -Vou lá enganar a onça! O macaco procurou uma pedra redonda, bem branca e a amarrou em um cipó. Subiu em uma árvore e deixou a pedra dependurada pelo cipó. Depois foi para a fonte. Lá chegando, fingiu que estava mastigando alguma coisa. A onça olhou para ele e gulosa como era, lhe perguntou: -Que é isso que você está mastigando, compadre macaco? -Eu? Respondeu o macaco. -Já comi tudo, Era um pedaço de queijo. E a onça: - Que pena, gosto muito de queijo. O macaco aproveitou a conversa e disse: -Olha comadre onça, eu tenho um queijo inteirinho que botei dependurado para curar; se me deixar beber um pouquinho de água eu lhe dou um pedaço. A onça concordou logo. Depois o macaco levou a onça para debaixo da árvore e disse: -Lá está ele; já deve estar macio, fique aqui embaixo para apará-lo, senão esborracha quando cair. O macaco subiu cortou o cipó e a onça abriu bem a boca para comer de uma só vez, pensando que era queijo. Enquanto urrava de dor e se contorcia, a bicharada mais uma vez aproveitou para beber e tomar banho enquanto podia. Depois de satisfeitos, os bichos voltaram, cada um para sua casa.

Passaram dois dias. Estavam todos tão tristes... e muito sujos... e com sêde, quando apareceu o tatu e disse: -Vou lá enganar a onça! O tatu que era um bicho muito sabido, esperou anoitecer e convidou o vaga-lume para ir com ele procurar algo na floresta, levava consigo uma cumbuca com tampa; depois de algum tempo procurando, encontrou: era uma casa de maribondos. Colocou a casa de maribondos na cumbuca, tampou e foram dormir. Na manhã seguinte o tatu seguiu para a fonte levando a sua cumbuca e assoviando. Ao chegar, a onça foi logo dizendo: -Nesta fonte você não entra, ela é só minha, mas... o que é isso que você trás nessa cumbuca? O tatú respondeu: -Aqui dentro eu tenho mel saboroso, mas não lhe dou. A onça pensando no gostinho do mel, disse logo: -Olha compadre tatu, se você quizer pode entrar na fonte e tomar banho e beber água que eu não faço nada. O tatu, então colocou a sua cumbuca num canto e foi para o seu banho. Enquanto isso, a onça mais que depressa pegou a cumbuca e quando tirou a tampa foi atacada pelos maribondos furiosos. A onça saiu correndo e o enxame voando atrás dela e ferroando, enquanto ela urrava de dor e corria.... corria... e continua correndo até hoje.

A paz voltou a reinar entre os bichos que agora tinham de volta a sua tão adorada fonte de água limpa.

E aqui terminou a história. Entrou pela casa do pinto, saiu pela casa do pato. O rei mandou dizer que se você quizer outra, tem que me contar quatro.

Historinhas de Bichos Visite !