O Mascate e o Barbeiro (Origem: popular)
O mascate era um tipo de comerciante que existiu alguns anos atrás. Ele percorria vilas, povoados e cidades do interior, vendendo mercadorias que trazia da Capital.
Certa tarde, em um vilarejo, o mascate parou diante da barbearia. Havia alguns homens batendo papo no banco de espera, mas o barbeiro estava desocupado. "Vou fazer a barba" - pensou.
— O sinhô se achegue... - disse o barbeiro - ...e se assente.
O mascate sentou, pediu a barba e, enquanto esta era feita, ficou ouvindo a tagarelice dos capiaus, ali ao lado. Após algum tempo, sentindo que a barba já estava pronta, ouviu o barbeiro lhe perguntando:
— O sinhô qué arco, tarco ô qué qui mói?
O mascate até que entendia o linguajar caipira, mas desta vez... era demais.
— O que foi que o senhor disse? - perguntou ao barbeiro, e este lhe repetiu:
— O sinhô qué arco, tarco ô qué qui mói?
O mascate, meio perdido, olhou para os contadores de casos que alí estavam e, um deles, mais ativo, que já tinha até morado na Capital, se adiantou e explicou:
— O meu amigo barbeiro, está perguntando o que é que o senhor prefere passar no rosto, álcool, talco ou quer apenas que molhe com água.
O mascate ficou admirado com o linguajar e para testar o palavreado do barbeiro, lhe disse:
— Olhe, vou lhe dar cinco reais de gorjeta se me disser uma palavra certa.
— Cuma? - perguntou o barbeiro.
Não teve jeito, o mascate foi saindo...